sexta-feira, 28 de julho de 2017

Dia da Conservação da Natureza com Portugal a arder

É muito triste ver que o nosso Portugal está a arder. Múltiplas e graves são as razões para esta situação, acentuada sem dúvida pelas alterações climáticas que já afetam sem dó nem piedade este país. Mais de 75 mil hectares ardidos este ano!

«Os incêndios dos primeiros sete meses de 2017 já consumiram mais floresta do que a totalidade de cada um dos cinco anos da última década.»  (daqui)

Imagem daqui
No Dia Nacional da Conservação da Natureza (28 julho), traz-se aqui um extracto do relatório provisório de incêndios florestais (1 de janeiro a 15 de julho 2017), que mostra a situação alarmante a nível de áreas ardidas, inclusive nas áreas protegidas, mas que não refere o trágico número de vidas humanas perdidas, de vidas humanas estilhaçadas, de habitações ardidas, nem as espécies de animais que pereceram, agravaram o risco de extinção ou que ficaram sem habitat (ex. ver esta notícia)

E de 15 de julho para cá, os incêndios têm-se multiplicado... Uma catástrofe humana e ambiental!

«A base de dados nacional de incêndios florestais regista, no período compreendido entre 1 de janeiro e 15 de julho de 2017, um total de 7.310 ocorrências (1.761 incêndios florestais e 5.549 fogachos) que resultaram em 65.333 hectares de área ardida de espaços florestais, entre povoamentos (46.444ha) e matos (18.889ha).

Comparando os valores do ano de 2017 com o histórico dos últimos 10 anos destaca-se que se registaram mais 16% de ocorrências e quase cinco vezes mais área ardida do que a média verificada no decénio 2007-2016 (Quadro 1). O ano de 2017 apresenta, até ao dia 15 de julho, o quinto valor mais elevado em número de ocorrências e o valor mais elevado de área ardida, desde 2007. »

Fonte: ICNF (http://www.icnf.pt/portal/icnf/noticias/destaques/relatorios-incendios-florestais)

Relatório provisório de incêndios florestais – 2017 – 01 de janeiro a 15 de julho: http://www.icnf.pt/portal/florestas/dfci/Resource/doc/rel/2017/03-rel-prov-01jan-15jul-2017.pdf


quarta-feira, 26 de julho de 2017

Encontro de associações grupos de ambiente e transição

Encontro 
Ação Ecológica, Transição Sustentável e Regeneração
7 outubro 2017  Vila Nova de Famalicão

A Campo Aberto - associação de defesa do ambiente e a Associação Famalicão em Transição estão a organizar um Encontro de associações e grupos de Ambiente e Transição da zona norte do país, a realizar no dia 7 de outubro na Casa do Território, no Parque da Devesa, em Vila Nova de Famalicão, que conta com o apoio deste Município.


Este encontro procura incluir grupos, coletivos, movimentos, associações, para uma partilha num espírito de colaboração e sinergia, que se debruçará sobre a situação ecológica e ambiental do Noroeste e Norte de Portugal, e do Vale do Ave em especial, mas que terá também uma tónica no conceito de transição e de regeneração.


Pretende-se a partilha de pontos de vista, troca de experiências, de interrogações, dificuldades e também aspetos e realizações positivas. Não há propriamente oradores, todos os participantes contribuirão para essa partilha.

Programa atualizado em:  https://goo.gl/Cpev4z 

Inscrições até 15 de setembro
Ficha de inscrição em: https://goo.gl/gS2TPH
Cada grupo ou iniciativa  deverá remeter a ficha de inscrição ou os dados para contacto@campoaberto.pt com cópia para famalicaom@gmail.

Mais informações em https://goo.gl/EoPPt5  ou através de Campo Aberto - associação de defesa do ambiente (contacto@campoaberto.pt) ou Associação Famalicão em Transição (famalicaom@gmail.com)

terça-feira, 18 de julho de 2017

"A parte mais difícil de ser vegano!"

«A verdadeira dificuldade em ser vegano não envolve comida. A parte mais difícil de ser vegano é dar de cara com um lado mais sombrio da humanidade e tentar permanecer esperançoso. É tentar entender porque pessoas boas e caridosas continuam a participar de violência desnecessária contra animais - apenas pelo seu prazer ou conveniência.»
Fonte: Veganize

domingo, 16 de julho de 2017

A sexta extinção em massa, aí e a acelerar!

«Cientistas alertam para sexta extinção em massa na Terra

Uma “aniquilação biológica” da vida selvagem nas últimas décadas é a conclusão de um novo estudo que dá conta de que milhares de milhões de mamíferos, aves, répteis e anfíbios desapareceram em todo o mundo desde o início do século XX. Para os cientistas significa que está em curso a sexta extinção em massa na história da Terra. O tempo para agir "é muito curto" e a humanidade acabará por pagar um preço muito alto.


O estudo foi conduzido pelos cientistas Gerardo Ceballos, Paul R. Ehrlich e Rodolfo Dirz e analisou 27.500 espécies de vertebrados terrestres (aves, répteis, anfíbios e mamíferos) desde o ano 1900.

Publicado pela PNAS - a revista oficial da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, a análise dos investigadores incidiu sobre a redução das populações em espécies existentes, raras e comuns, em vez de analisarem o número de espécies extintas ou em perigo de extinção, processo que era habitualmente utilizado.



“A aniquilação biológica resultante terá, obviamente, sérias consequências ecológicas, económicas e sociais. A humanidade acabará por pagar um preço muito alto pela diminuição do único conjunto de vida que conhecemos no Universo”, explicou ao The Guardian um dos autores do estudo, o mexicano, Gerardo Ceballos.

Rinoceronte filhoteE acrescenta: “A situação tornou-se tão má que não seria ético não usar linguagem forte (…) Todos os sinais apontam para agressões ainda mais poderosos à biodiversidade nas próximas duas décadas, criando uma perspetiva sombria para o futuro da vida, incluindo da vida humana”.

A vida selvagem está a desaparecer devido à destruição do habitat, à poluição, à invasão de espécies exóticas e às alterações climáticas. Mas a principal causa é “a sobrepopulação humana, o crescimento populacional contínuo e o superconsumo”

Fonte e artigo completo (11/7/2017)  em RTP: https://www.rtp.pt/noticias/mundo/cientistas-alertam-para-sexta-extincao-em-massa-na-terra_n1013982#




sexta-feira, 14 de julho de 2017

Assassinados por lutarem contra o "landgrabbing"

200 pessoas foram assassinadas em 2016 por defenderem as suas casas, meios de subsistência, terras, florestas e rios de que dependem, contra indústrias destrutivas e o landgabbing.  Segundo o relatório DEFENDERS OF THE EARTH da Global Witness, o Brasil lidera esta lista negra com 49 defensores da terra assassinados.

«Nunca foi tão fatal tomar uma posição contra as empresas que roubam terras e destroem o meio ambiente. O novo relatório da Global Witness "Defenders of the Earth", descobriu que quase quatro pessoas foram assassinadas todas as semanas em 2016, protegendo suas terras e o mundo natural de indústrias como mineração, exploração madeireira e agronegócios.

O assassinato é apenas uma das muitas táticas usadas para silenciar os defensores da terra e do meio ambiente, incluindo ameaças de morte, prisões, agressões sexuais e ataques legais agressivos.
...
Não só o número de assassinatos de defensores da terra está a crescer, mas também se estão a espalharo. Em 2016, documentamos 200 assassinatos em 24 países, em comparação com 185 em 16 em 2015. Quase 40% dos assassinados eram indígenas. A falta de processos também dificulta a identificação dos responsáveis, mas encontramos evidências fortes de que a polícia e as forças armadas estavam por trás de pelo menos 43 assassinatos, com atores privados, como guardas de segurança e assassinos contratados, ligados a 52 mortes.
...
É cada vez mais claro que, globalmente, os governos e empresas estão a falhar no seu dever de proteger ativistas em risco. Eles admitem um nível de impunidade que permite que a grande maioria dos perpetradores andem livres, encorajando os aspirantes a assassinos. Os investidores, incluindo bancos de desenvolvimento, estão a alimentar a violência apoiando projetos que prejudicam o meio ambiente e atropelam os direitos humanos.»

Fonte e relatório em Global Witnesshttps://www.globalwitness.org/en/campaigns/environmental-activists/defenders-earth/



sexta-feira, 7 de julho de 2017

MAIS DE UM MILHÃO CONTRA O GLIFOSATO (comunicado)

Plataforma Transgénicos Fora
www.stopogm.net
2017/07/07
A mais rápida de todas as Iniciativas de Cidadania Europeia


Num período record de cinco meses mais de um milhão de pessoas, de todos os Estados Membros da União Europeia, assinaram a favor da proibição do herbicida glifosato. A Iniciativa de Cidadania Europeia (ICE), que foi liderada em Portugal pela Plataforma Transgénicos Fora, exige também que o processo europeu de autorização de pesticidas seja profundamente melhorado e ainda que se estabeleçam metas obrigatórias para a redução do uso de pesticidas na União Europeia (UE).

Em Portugal foram recolhidas 9632 assinaturas (8901 das quais online; sendo as restantes em papel), que foram já entregues para validação à autoridade nacional competente. No total, em toda a UE, assinaram 1 320 517 pessoas. A Comissão Europeia tem agora a obrigação legal de responder às três solicitações em causa através da proposta de medidas concretas no sentido da sua implementação.

O glifosato é o aspeto mais visível e imediato desta ICE. Segundo o agrónomo Jorge Ferreira, da coordenação da Plataforma, "A Comissão pretende reautorizar por mais 10 anos um herbicida que causa cancro em animais de laboratório, para além de induzir desregulação hormonal e malformações congénitas. O lucro privado não justifica o desprezo pela saúde pública e a ECI obriga Bruxelas a encarar os factos: os europeus não querem pesticidas em geral, nem o glifosato em particular."
Neste momento está previsto que em 19-20 de julho o dossiê do glifosato seja discutido no Comité Permanente relevante (ver http://tinyurl.com/paffglif) e a primeira votação tenha lugar em outubro deste ano. O braço de ferro entre a vontade dos europeus e os interesses da indústria dos pesticidas vai continuar, cada vez mais visível, nos próximos meses.

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A Plataforma Transgénicos Fora é uma estrutura integrada por onze entidades não-governamentais da área do ambiente e agricultura (AGROBIO, Associação Portuguesa de Agricultura Biológica; CAMPO ABERTO, Associação de Defesa do Ambiente; CNA, Confederação Nacional da Agricultura; CPADA, Confederação Portuguesa das Associações de Defesa do Ambiente; GAIA, Grupo de Ação e Intervenção Ambiental; GEOTA, Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente; Associação IN LOCO, Desenvolvimento e Cidadania; LPN, Liga para a Proteção da Natureza; MPI, Movimento Pró-Informação para a Cidadania e Ambiente e QUERCUS, Associação Nacional de Conservação da Natureza) e apoiada por dezenas de outras. Para mais informações contactar info@stopogm.net ou www.stopogm.net

Mais de 10 mil cidadãos portugueses reiteraram já por escrito a sua oposição aos transgénicos.

Fonte: http://www.stopogm.net/mais-de-um-milhao-de-assinaturas-contra-o-glifosato


quarta-feira, 5 de julho de 2017

"As chamas do cifrão" (por Pedro Miguel Cardoso)

"Já repararam no que há em comum nos factores que potenciaram a tragédia? Lucros privados, prejuízos colectivos. O cifrão é quem mais ordena."

A seguir, a transcrição do artigo de Pedro Miguel Cardoso publicada no Jornal Económico (SAPO):

As chamas do cifrão
Pedro Miguel Cardoso, Investigador

Imagem daqui
«A tragédia de Pedrógão Grande que queimou Portugal não é apenas um azar. É também o resultado de um rumo político e económico que tem uma dimensão global e uma dimensão nacional. Ilustrativo do tempo em que vivemos.

No que diz respeito à dimensão global, muitos cientistas têm alertado que o uso intensivo de combustíveis fósseis (petróleo, carvão, gás natural) como fontes energéticas contribui de forma decisiva para rápidas e perigosas alterações climáticas. Prevê-se, entre outras consequências, uma subida da temperatura média global e o aumento da intensidade e frequência de fenómenos climáticos extremos. Para Portugal, as ondas de calor, a redução da precipitação e os incêndios de grandes proporções são esperados. As tentativas de regular e reduzir as emissões dos gases com efeito de estufa têm sido insuficientes perante as dinâmicas capitalistas globais e as poderosas indústrias envolvidas. Combinado com esta problemática temos a ascensão internacional do neoliberalismo, do culto das privatizações, da liberalização dos mercados, do lucro acima de tudo, de um Estado reduzido ao serviço dos grandes negócios. Um movimento intelectual e político que teve tradução e imitação portuguesa.

É neste quadro que podemos compreender que Portugal tenha uma floresta vocacionada para os interesses da indústria da madeira e das celuloses, com grande proporção de árvores altamente inflamáveis como o eucalipto e o pinheiro-bravo. Que seja o país europeu com a maior área de eucalipto, com a menor percentagem de floresta pública (2%) e a maior percentagem de floresta ardida. Que se tenha dado uma machadada nos serviços florestais e na vigilância da floresta. Que tenhamos um sistema de comunicações de emergência e segurança (SIRESP) que aparentemente custou 5 vezes mais do devido e que não funciona em alturas críticas. Que o Estado contrate ao privado dispendiosos meios aéreos de combate aos incêndios em detrimento da participação da Força Aérea Portuguesa. Que tenhamos um crescente despovoamento de uma parte significativa do território e as populações que aí vivem continuem a assistir à migração dos serviços públicos. Para resgatar a banca o dinheiro sempre aparece, para apoiar as pessoas e os territórios falta dinheiro.

Já repararam no que há em comum nos factores que potenciaram a tragédia? Lucros privados, prejuízos colectivos. O cifrão é quem mais ordena. Milton Friedman não estará cá para ver mas uma sociedade e economia baseada na promoção da ganância privada não dá bons resultados. A não ser que haja uma mudança de rumo (não apenas em Portugal), o cifrão poderá bem figurar no caixão da humanidade.»

Fonte: http://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/as-chamas-do-cifrao-179803 (5/7/2017)